Cidadezinha cheia de graça
Cidadezinha cheia de graça
Com seus burricos a pastar na praça…
Sua igrejinha de uma torre só.
Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca, nem um segundo…
E fica a torre sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!…
—
-Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo que triste sina!
Ah, quem me dera ter lá nascido!
Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha… Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar…
Fernando Ferreira da Cruz
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas,
sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
vem de Itabira, de suas noites brancas,
sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
Érica Souza Ruediger
Ou isto ou aquilo
Ou se tem chuva ou não se tem sol,
![]() |
Cecília Meireles ( 1901 - 1994) |
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Eliandra Nayrana Lopes Fuzi
A AVÓ DO MENINO
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Cecília Meireles ( 1901 - 1994) |
vive só.
Na casa da avó
o galo liró
faz "cocorocó!"
A avó bate pão-de-ló
E anda um vento-t-o-tó
Na cortina de filó.
A avó
vive só.
Mas se o neto menino
Mas se o neto Ricardo
Mas se o neto travesso
Vai à casa da avó,
Os dois jogam dominó.
Amanda de Souza Furlan
A ARANHA
Não te afastes de mim, temendo a minha sanha
![]() |
Manoel Bandeira ( 1986 - 1968) |
Aracne foi meu nome e na trama ilusória
Das rendas florescia a minha graça estranha,
Um dia desafiei Minerva. De tamanha Ousadia hoje espio a incomparável glória...
Venci a deusa. Então ficou ciumenta da vitória,
Ela não ma perdoou: vingou-se e fez-me aranha!
Eu que era branca e linda, eis-me medonha
e escura.Inspiro horror...
Ó tu que espias a urdidura
Da minha teia, atenta ao que meu palpo fia:
Pensa que fui mulher e tive dedos ágeis,
Sob os quais incessante e vária a fantasia
Criava a pala sutil para os teus ombros frágeis....
Julia Melnixenco
Dor Elegante
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Um homem com uma dor
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Paulo Leminski (1944 - 1989) |
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, edens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra
Guilherme Tavares
![]() |
Clarice Pacheco 1989 - 2002 |
Caderno de Poesias
Caderno de poesias
é um belo lugar
Tantas coisas lindas
que eu gostaria de falar.
Eu falo em forma de versos
para todos poderem escutar.
Agora você já sabe
porque os poetas passam os dias
escrevendo em seus cadernos de poesias.
Tantas coisas lindas
que eu gostaria de falar.
Eu falo em forma de versos
para todos poderem escutar.
Agora você já sabe
porque os poetas passam os dias
escrevendo em seus cadernos de poesias.
Gabriele Görisch
Uma cidade diferente
Era uma cidade
meio diferente,
ficava escuro ou claro
assim, de repente.
As casas andavam pelas ruas
enquanto que as pessoas não,
as casas trabalhavam
e as pessoas viviam plantadas no chão.
![]() |
Clarice Pacheco 1989 - 2002 |
As frutas eram verdes,
as árvores eram coloridas
das frutas estragadas nasciam
as árvores mais bonitas.
O sol aparecia à noite
iluminando as ruas,
de dia o que iluminava
era a luz da lua.
Os carros passavam voando
sempre muito apressados,
porque se fossem devagar
é que eram multados.
Os aviões navegavam
atravessando os sete mares,
os navios sobrevoavam
cortando à tona os ares.
Helena Kappaun
Cartas de Meu Avô
A tarde cai, por
demais
Erma, úmida e silente…
A chuva, em gotas glaciais,
Chora monotonamente.
Erma, úmida e silente…
A chuva, em gotas glaciais,
Chora monotonamente.
E enquanto anoitece,
vou
![]() |
Manoel Bandeira ( 1986 - 1968) |
Lendo, sossegado e só,
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.
Enternecido sorrio
Do fervor desses carinhos:
É que os conheci velhinhos,
Quando o fogo era já frio.
É que os conheci velhinhos,
Quando o fogo era já frio.
Cartas de antes do
noivado…
Cartas de amor que começa,
Inquieto, maravilhado,
E sem saber o que peça.
Inquieto, maravilhado,
E sem saber o que peça.
Temendo a cada
momento
Ofendê-la, desgostá-la,
Quer ler em seu pensamento
E balbucia, não fala…
Ofendê-la, desgostá-la,
Quer ler em seu pensamento
E balbucia, não fala…
A mão pálida tremia
Contando o seu grande bem.
Mas, como o dele, batia
Dela o coração também.
Contando o seu grande bem.
Mas, como o dele, batia
Dela o coração também.
Danilo Kelwin Marcelino
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Paulo Leminski (1944 - 1989) |
A lua foi ao cinema
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!
Lucas Eduardo da Silva Mello
Lucas Eduardo da Silva Mello
Sabiá com trevas IX
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Manoel Barros- 19/12/1916 (Poeta brasileiro vivo) |
O poema é antes de tudo um inutensílio.
Hora de iniciar algum convém se vestir roupa de trapo.
Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.
nos primeiros instantes.
Faz bem uma janela aberta
uma veia aberta.
uma veia aberta.
Pra mim é uma coisa
que serve de nada o poema
enquanto vida houver.
enquanto vida houver.
Ninguém é pai de um poema sem morrer.
Flávia Helen da Silva
A maior riqueza de um homem
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou – eu não aceito.
é a sua incompletude.
![]() |
Manoel Barros- 19/12/1916 (Poeta brasileiro vivo) |
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou – eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.
Rayssa Victória Boiko de Mattos
PAPAI NOEL
PAPAI NOEL
Papai Noel
Eu sei que não tem.
Mas no Natal fico quietinho
Esperando meu presente.
O que é que tem?
Quando o ano começa,
Já fico namorando o presente
Em toda loja que passo.
Só que não tem graça
Presente na loja.
A gente olha de graça,
Mas não é da gente,
É do dono da loja.
Já fico namorando o presente
Em toda loja que passo.
Só que não tem graça
Presente na loja.
A gente olha de graça,
Mas não é da gente,
É do dono da loja.
Mas, de repente,
O Natal chega
E o presente fica diferente,
Fica todo encantado,
Não sei bem
O que presente tem,
A gente.
Acho que é uma saudade,
Um sonho antigo
E a fantasia com papai Noel
Que fazem o presente mais presente
E só da gente.
O Natal chega
E o presente fica diferente,
Fica todo encantado,
Não sei bem
O que presente tem,
A gente.
Acho que é uma saudade,
Um sonho antigo
E a fantasia com papai Noel
Que fazem o presente mais presente
E só da gente.
Felipe Bachel Gomes da Silva
O buraco do tatu
O tatu cava um buraco,
À procura de uma lebre,
Quando sai pra se coçar,
Já está em Porto Alegre.
O tatu cava um buraco,
![]() |
Sérgio Caparelli |
E fura a terra com gana,
Quando sai pra respirar,
Já está em Copacabana.
O tatu cava um buraco
E retira a terra aos montes,
Quando sai pra beber água,
Já está em Belo Horizonte.
O tatu cava um buraco
Dia e noite, noite e dia,
Quando sai pra descansar,
Já está lá na Bahia.
O tatu cava um buraco,
Tira terra, muita terra,
Quando sai por falta de ar,
Já está na Inglaterra.
O tatu cava um buraco
E some dentro do chão,
Quando sai para respirar,
Já está lá no Japão.
O tatu cava um buraco.
Com as garras muito fortes,
Quando quer se refrescar,
Já está lá no Polo Norte.
O tatu cava um buraco,
Um buraco muito fundo,
Quando sai pra descansar,
Já está no fim do mundo.
O tatu cava um buraco,
Perde o fôlego, geme, sua,
Quando quer voltar atrás,
Leva um susto, está na Lua.
Augusto Paulo Lenckulh
Cidade do Porto
As tuas iniciais,
São cinco letras reais,
Pois tu és original!
Tenho gosto e vaidade
Por ter nascido no porto.
Sou desta linda cidade
Tripeiro vivo ou morto.
Sou deste porto velhinho
Do rio douro vaidoso.
Também és nome do vinho
Que no mundo é famoso.
Do caloroso São João,
Do trinta e um de Janeiro
E das tripas com feijão,
Deste porto hospitaleiro.
E da velhinha ribeira
Do mercado do bolhão!
É esta cidade tripeira
Que trago no coração.
És minha cidade
Do norte de Portugal,
Terra de Liberdade
Sempre nobre e Leal.
Kailaine Eduarda da Rosa
Menino que Carregava Água na Peneira
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!
Victor Henrique da Silva
Meus Brinquedos
De repente ao lembrar
dos brinquedos queridos
Que ficaram esquecidos
dos brinquedos queridos
Que ficaram esquecidos
Me bate uma saudade
Me bate uma vontade
De voltar no tempo
De voltar ao passado
Mas nada acontece
Nada parece acontecer
E eu choro
Choro como o bebê que fui
E a criança que quero voltar a ser
Não quero crescer!
Nycole Farias da Fonseca
Canção do Exílio
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo Mayara Rodrigues Livros e Flores
Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor,
Em que melhor se lei
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Bruna Isabella Bottaro
Preso insetos mais que Aviões Manoel de Barros
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas ais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo Genilson
Professores da minha escola
A professora de matemática,
com suas contas complicadas,
falando em equações,
no Teorema de Pitágoras.
com seus ensinamentos ecológicos,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Tiago
Serenata
Permita que eu feche os meus olhos, ![]() |
Cecília Meireles ( 1901 - 1994) |
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo Mayara Rodrigues Livros e Flores
![]() |
Casemiro de Abreu (1839 - 1860) |
Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor,
Em que melhor se lei
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Bruna Isabella Bottaro
Preso insetos mais que Aviões Manoel de Barros

Prezo a velocidade das tartarugas ais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo Genilson
A valsa
Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!
Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
![]() |
Casemiro de Abreu |
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!
Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!
Heloisa Fernanda Zatelli
Professores da minha escola
A professora de matemática,
![]() |
Clarice Pacheco 1989 - 2002 |
falando em equações,
no Teorema de Pitágoras.
A professora de Português,
com seu modo indicativo,
falando em advérbios,
interjeições, substantivos.
com seu modo indicativo,
falando em advérbios,
interjeições, substantivos.
A professora de Geografia,
com seus complexos regionais,
Falando em sítios urbanos,
em pontos cardeais.
A professora de Ciências,com seus complexos regionais,
Falando em sítios urbanos,
em pontos cardeais.
com seus ensinamentos ecológicos,
falando em evolução,em estudos biológicos.
A professora de História,
com seus povos bizantinos,
falando na Idade Média,
no Imperador Constantino.
falando na Idade Média,
no Imperador Constantino.
A professora de Inglês,
com seus don’t, do e does,
falando no personal pronouns,
na diferença entre go e goes
Eu queria ser um cachorro
para andar nas ruas escuras das cidades
na escuridão da noite
para descobrir como as pessoas realmente são
Eu queria ser um rato
para entrar em lugares pequenos
e passar despercebido
para descobrir como as pessoas realmente são
Pois sendo um ser humano
não tenho tempo de observar as pessoas
pois tenho que me esconder
para que não descubram quem eu realmente são.
Andrey Adrian Lazaroto
com seus don’t, do e does,
falando no personal pronouns,
na diferença entre go e goes
A professora de Artes,
com suas obras e seus artistas,
falando em artes ópticas,
em pintores surrealistas.
com suas obras e seus artistas,
falando em artes ópticas,
em pintores surrealistas.
O professor de Educação Física,
com suas regras de voleibol,
Falando sobre basquete,
em times de futebol.
com suas regras de voleibol,
Falando sobre basquete,
em times de futebol.
Os professores da minha escola,
com suas matérias que às vezes
não entendemos,
falando em todas as coisas,
que aos poucos vamos aprendendo.
Taylor Gadotti
O que quer dizer
William Gabriel Röpke
As sem-razões do Amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Leonardo de Lima Dias
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Cenário Passarela
Duas cidades
não consigo esquecer,
Uma tem o Paraíba,
outra o rio Tietê,
Uma é pedra de rubi,
Outra é do amanhã,
Uma tem o Morumbi
Outra o Maracanã,
Posso agora apresentar
No abrir de uma cortina
Como as mais importantes
Da América Latina,
Uma é imenso cenário de novela, Outra é famosa passarela,
Pessoas
com suas matérias que às vezes
não entendemos,
falando em todas as coisas,
que aos poucos vamos aprendendo.
Taylor Gadotti
O que quer dizer
![]() |
Paulo Leminski (1944 - 1989) |
O que quer
dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.
As sem-razões do Amor
Eu te amo porque te amo,
e nem sempre sabes sê-lo.
![]() |
Carlos Drummond (1902 - 1987) |
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Leonardo de Lima Dias
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Andrey Yuri Ribeiro
Duas cidades
não consigo esquecer,
Uma tem o Paraíba,
outra o rio Tietê,
Uma é pedra de rubi,
Outra é do amanhã,
Uma tem o Morumbi
Outra o Maracanã,
Posso agora apresentar
No abrir de uma cortina
Como as mais importantes
Da América Latina,
![]() |
Rinaldo Pedro |
Há um laço de união,
Se amor ou é paixão,
Ou eterna ligação,
só sei que elas não se escondem,
em baixo por via,
em cima por ponte,
conheço uma por seu brio,
outra digo por seu garbo,
uma chamo de Rio
outra chamo de São Paulo
Ian Marcos Budendorf
Se amor ou é paixão,
Ou eterna ligação,
só sei que elas não se escondem,
em baixo por via,
em cima por ponte,
conheço uma por seu brio,
outra digo por seu garbo,
uma chamo de Rio
outra chamo de São Paulo
Ian Marcos Budendorf
Pessoas
Eu queria ser um pássaro
Para sobrevoar as cidades
e descobrir como as pessoas realmente são
Para sobrevoar as cidades
e descobrir como as pessoas realmente são
![]() |
João Prebianchi |
Eu queria ser um cachorro
para andar nas ruas escuras das cidades
na escuridão da noite
para descobrir como as pessoas realmente são
Eu queria ser um rato
para entrar em lugares pequenos
e passar despercebido
para descobrir como as pessoas realmente são
Pois sendo um ser humano
não tenho tempo de observar as pessoas
pois tenho que me esconder
para que não descubram quem eu realmente são.
Andrey Adrian Lazaroto
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